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BIOGRAFIA

Segundo a memória dos mais velhos, e alguns registos, a Banda de Nagoselo do Douro, terá sido formada com base numa Tuna em finais do séc. XIX, não se conhecendo exactamente o ano. Nessa época, eram muito frequentes as Tunas, conhecidas como Tunas de Tradição Portuguesa nas quais, aliás, muitas bandas tiveram origem, e eram constituídas na sua grande maioria por, guitarra portuguesa, bandolim, acordeão e alguns instrumentos de sopro. No caso da Banda de Nagoselo, a tuna era constituída apenas por instrumentos de corda. O seu ensaiador, sabe-se apenas, que era de Carrazeda de Ansiães. O Senhor João Ribeiro, homem de prestígio e muito estimado nesta terra, já fazia parte da referida tuna, resolveu convidar o Senhor Manuel Silvano que era de Soutelo do Douro, para tentarem formar uma Banda. O Sr. Manuel Silvano começou por ensinar solfejo, clarinete e trompete e apercebendo-se que estes ficavam bem, resolveu ensinar todos os outros instrumentos de sopro. Depois de alguns anos a ensaiar a tuna, que de alguma forma já seria Banda, o Sr. Manuel Silvano saiu dando lugar ao Sr. Garcia de Carrazeda de Ansiães. Mais tarde, e porque se atravessava um período algo conturbado, devido às divergências entre os movimentos Monarca e Republicano, o Senhor João Ribeiro, Republicano convicto, abrigou em sua casa um indivíduo que andava foragido destas lutas (1911). Este mesmo indivíduo, não tinha dito ao Sr. João Ribeiro quem era nem o que fazia. Depois de algum tempo de permanência nesta freguesia, apercebeu-se uma certa noite, que tinha vindo parar a uma terra onde existia uma Banda de Música. Resolveu então seguir os sons até à casa onde decorria o ensaio e, qual o seu espanto e admiração ao entrar, constatar que a pessoa que lhe tinha dado guarida se encontrava ali. Resolveu, então, identificar-se como Padre Bernardino Penaforte, autor e compositor, tendo já sido também maestro de uma Banda Filarmónica, pelo que o Senhor João Ribeiro cumprimentou-o, colocando de parte qualquer ideologia política, ou mesmo religiosa. Depois deste esclarecimento, o Padre Bernardino pediu para afinar a Banda porque lhe parecia muito desafinada, pedido, aliás, que lhe fora concedido. Passado o processo de afinação pediu à Banda para que tocasse uma marcha e no final todos diziam que a Banda não parecia a mesma. Com este entendimento o Padre Bernardino Penaforte ficou como o primeiro Maestro da Banda de Música de Nagoselo do Douro e o Senhor João Ribeiro como primeiro Presidente. A Banda terá permanecido em actividade duas ou três décadas, sendo que a primeira paragem acontece por dificuldades económicas resultantes desse período.O recomeço aconteceu no dia 02 de Fevereiro de 1947, com apenas 15 músicos e uma direcção constituída pelos senhores: João Pinto, Fernando Frederico e Mário Sousa, sendo o seu maestro, o primeiro-sargento António Freitas, e estende-se até 1961 altura em que se dá a segunda paragem, sendo as causas mais importantes, o falecimento do Maestro António Freitas ocorrido em Nagoselo e o início da guerra colonial.Em 1974, ano da revolução do 25 de Abril, houve por parte de alguns músicos a tentativa de formar novamente a Banda, mas tal não sucedeu. Só em 1977, Celestino Castro, José Fidalgo e Armando Lopes conjuntamente com um grupo de músicos, uniram esforços e conseguiram formar de novo a Banda para acompanhar a procissão de Nª Sra. de Lurdes, que se realiza anualmente, coincidindo curiosamente com a Segunda-Feira de Páscoa (11 de Abril de 1977). Depois deste primeiro impulso para fazer ecoar o que há quase dezoito anos estava “escondido”, a Banda não mais parou e, pelo contrário prosperou apesar de várias fases difíceis. No final da festa da Páscoa contrataram o mestre José Martins, natural de S. João da Pesqueira, que se manteve no cargo até 1978. Em 1978 o mestre Manuel Oliveira, natural de Tarouca assume funções de maestro na Banda durante três anos e com a sua saída, regressa o mestre José Martins (1981) acabando por ficar mais dois anos. Em 1983, quem é escolhido para maestro da Banda é Jorge Correia, que antes era executante em trompete, esteve nestas funções até Janeiro de 1985, sendo substituído pelo mestre Machado natural do Castanheiro do Norte, até ao final dessa mesma temporada.Com várias dificuldades, a Banda de Música foi resistindo, talvez por “carolice” dos seus elementos e claramente, em virtude do seu sacrifício, boa vontade e muito trabalho, não deixaram que em 1984 a Banda mais uma vez ficasse inactiva. Nesse período, era muito difícil “convencer” pessoas que se disponibilizassem para assumir o compromisso de ficar à frente de uma Banda em decadência. Foi então que José Fidalgo, Manuel Magalhães e António Magalhães, não se conformando com a situação, resolveram convidar o Senhor João Prado (1984 - 2004) para os ajudar a inverter o difícil estado em que a Banda se encontrava. Em 1985, um jovem da terra, tal como sucedera anteriormente com Jorge Correia, Pedro Ventura com apenas 19 anos de idade, também ele oriundo da Banda de Música, como executante em clarinete, ocupa o lugar cedido pelo mestre Armando Machado até 1999, tendo sido substituído em duas épocas por Francisco Cardoso Pereira que esteve só nove meses (Setembro a Maio) e novamente por Jorge Correia. Aquando da sua saída em 1999, Pedro Ventura fê-lo por vontade própria, mas também, por achar que serviria melhor os interesses da sua Banda noutras funções que não as de maestro. Desde então tem feito parte de praticamente todas as direcções, sendo actualmente tesoureiro da direcção e Contramestre da Banda. Pelas suas mãos passaram alguns dos músicos que ainda hoje fazem parte da Banda. No período entre 1984 e 1998, muitos foram os atropelos por que a Banda passou, nomeadamente os locais de ensaio, a ausência de disponibilidade para ultrapassar a forma pouco digna com que a Banda era tratada, e acima de tudo a falta de sensibilidade e, bom senso para com uma Associação que à época seria, já, Centenária, sendo por isso forçada a ensaiar numa garagem cedida pelo Dr. José do Carmo Sequeira. Inconformados com situações estranhas, atropelos e incompreensões, haviam chegado à conclusão de que era urgente construir a própria Sede. Movidos por este objectivo, e, com o empenho e boa vontade de muitas pessoas, onde se destacam os Srs. João Prado e as direcções por si lideradas, António Manuel Caiado Ferrão e irmão Pedro Caiado Ferrão, que doaram o terreno, da ajuda imprescindível dos Nagoselenses, onde se englobam os próprios músicos que contribuíram com o seu esforço e muito trabalho, do Centro de Cultura da Região do Norte e da Câmara Municipal de S. João da Pesqueira, foi construída uma Sede com três pisos, com as condições necessárias à prática e divulgação da cultura musical que a todos honra e orgulha.Em Setembro de 1999, dá-se uma nova mudança, Joaquim Botelho, assume o cargo de maestro da Banda de Música, lugar que exerceu por um período de quatro anos, (1999-2003) muito contribuindo para o seu desenvolvimento musical. Inclusivamente foi da sua parte a primeira tentativa para formar uma escola de música.Com a chegada do novo maestro, Paulo Botelho em Setembro de 2003, a escola de música é efectivamente uma realidade, tendo como base mais sólida a formação adequada ao desenvolvimento musical, contando, para isso com professores específicos nos vários instrumentos. A escola de Música tem ao longo dos últimos anos exercido um papel importantíssimo na organização de múltiplas actividades de enriquecimento cultural e musical dos seus alunos, contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento pessoal e, em consequência disso, para desenvolvimento da Banda de música. Desde o ano de 2003 que se tem tentado criar uma dinâmica que permita à Associação e aos seus músicos melhores condições, quer de funcionamento, quer de conhecimentos, com base, essencialmente, em estruturas organizacionais mais sólidas. Actualmente a escola de música tem um total de 34 alunos inscritos, sendo que a Banda tem nos seu quadro, 38 músicos, na sua maioria, estudantes.O seu principal apoio é, sem dúvida a Câmara Municipal de S. João da Pesqueira, mas, também os sócios, amigos, e, fundamentalmente a sensibilidade artística e humana, como complemento dos seus atributos naturais, OS MÚSICOS.

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